A Oggi Sorvetes, empresa familiar com mais de 800 lojas que vendem picolés por R$ 1,25, quer ser acessível às classes C e D. Com mais de 15 anos, quase quebrou quando tentou se expandir. Conseguiu se manter com a abertura de lojas próprias e franquias, em 2018, diz em entrevista ao UOL Rodrigo Mauad, fundador da empresa. A empresa atende a públicos de diferentes classes sociais. Sua proposta é democratizar o consumo da sobremesa gelada.
A empresa atende a públicos de diferentes classes sociais. Sua proposta é democratizar o consumo da sobremesa gelada.
“Nós atendemos as classes C e D com os mesmos preços das classes A e B. Hoje, uma loja em Moema [bairro da elite de São Paulo] vende tanto quanto em São Miguel Paulista [periferia da capital paulista]. Falta acesso a esse produto às classes C e D com preço mais justo.”
Rodrigo Mauad
A Oggi (“hoje”, em italiano) pretende chegar a 1.000 lojas até o final deste ano. A expectativa é alcançar um faturamento de R$ 700 milhões em 2023.
Mauad aposta na abertura de mais lojas em mercados estratégicos, opções de sobremesas geladas para todos os bolsos e em uma logística e distribuição eficientes. A previsão é que até dezembro mais de 200 novas franquias sejam inauguradas. O foco é consolidar a atuação em São Paulo e expandir a presença no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
O empresário afirma que o objetivo é oferecer o melhor custo-benefício para todos os públicos. Por exemplo, um picolé de frutas custa R$ 1,25 e um pote de sorvete de dois litros sai por R$ 22,50. De acordo com ele, isso só é possível porque a maior parte da produção das sobremesas e a distribuição são próprias, reduzindo custos adicionais.
Desde 2018, a marca tem investido na abertura de franquias pelo país. Em cinco anos, passou de 108 lojas para 815 —apenas dez pontos de venda são próprios. A Oggi está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia.
No ranking da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a Oggi encerrou 2022 como a 21ª maior rede de franquias do país. No ano passado, a Oggi chegou a 808 lojas e se tornou a principal do setor de sorvetes—seguida de perto pela Chiquinho Sorvetes.
O investimento inicial para o franqueado é de R$ 50 mil. O valor inclui, por exemplo, reforma do imóvel e compra de freezers. Geralmente, as lojas são compactas: têm entre 50 m² e 120 m².
Desafio para crescer é eficiência em distribuição e logística.
A receita para ter preços competitivos une alguns pontos, diz Mauad. A Oggi tem uma fábrica própria de sorvetes em Barra do Piraí (RJ), onde toda a produção é automatizada há quatro anos. As sobremesas também são feitas por encomenda em uma indústria parceira em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
O processo de automação não trouxe demissões, segundo o fundador. O empresário declara que o crescimento da marca Oggi fez com que os profissionais fossem realocados para outras funções dentro da empresa. Hoje, são mais de 3.000 profissionais, entre diretos e indiretos.
Ele afirma que o grande desafio da empresa hoje é a parte logística. A empresa tem uma frota de 150 caminhões que distribui as sobremesas pelo país.
“O transporte de sorvete obrigatoriamente precisa ser feito a uma temperatura máxima de -18Cº em caminhões com baús específicos. Por esse motivo, o sorvete, na maioria das vezes é transportado sozinho. Não há muita opção para diluir o custo de distribuição com outros produtos.”
Rodrigo Mauad
Depois da pandemia de covid-19, a Oggi passou a trabalhar com entrega em casa. O funcionamento restrito das lojas possibilitou a entrada da empresa em aplicativos como iFood e Rappi. Atualmente, cerca de 10% das vendas são feitas dessa forma.
Oggi começou no pequeno varejo e quase faliu.
Fundada em 2006, a empresa nasceu como um negócio familiar e segue assim até hoje. Descendentes de italiano e libanês, os irmãos Rodrigo e Danielle Mauad pesquisaram no dicionário uma palavra em italiano para batizar a companhia. Ambos escolheram “Oggi”, como forma de homenagear a tradição da Itália em fazer sorvetes.
Durante quase dez anos, a empresa trabalhou basicamente com o pequeno varejo. Lanchonetes, restaurantes e padarias foram os primeiros clientes. Depois, vieram os supermercados.
A margem de lucro baixa fez com que a Oggi enfrentasse uma crise financeira que quase trouxe um fim precoce. De 2009 a 2014, a ampliação pela via dos supermercados era impactada pelos altos custos operacionais para outros mercados regionais. “Nós precisávamos entender qual seria o futuro da marca. Daquela forma, não havia perspectiva de crescimento”, declara Mauad.
O crescimento das paletas mexicanas, uma sensação na década passada, serviu de inspiração para a expansão da empresa por meio de lojas. A primeira, própria, foi erguida em 2015 na avenida Rebouças, no centro de São Paulo. O ponto de virada veio mesmo com a abertura de franquias três anos depois, responsável por corrigir os problemas de logística e distribuição anteriores.
A Oggi pretende lançar, ainda sem data, novas linhas de sorvetes. Mauad diz que a companhia ainda quer chegar a nichos de mercado como opções veganas, zero lactose e gourmet. Mas sem cobrar caro por isso, afirma o empresário.